quarta-feira, 29 de junho de 2011

Arthur Rimbaud

Jean-Nicolas Arthur Rimbaud 


Oh estações, oh castelos!
Que alma é sem defeitos?

Eu estudei a alta magia
Do Amor, que nunca sacia.

Saúdo-te toda vez
Que canta o galo gaulês.

Ah! Não terei mais desejos:
Perdi a vida em gracejos.
Tomou-me corpo e alento,
E dispersou meus pensamentos.

Ó estações, ó castelos!

Quando tu partires, enfim
Nada restará de mim.


Ó estações, ó castelos!


Dissidente e vagabundo, levou uma vida excentricamente extravagante, produzindo versos subversivos. Ganhou a reputação de enfant terrible (criança terrível). Sua movimentada vida é obscurecida por uma espessa camada de boatos, especulações e polêmicas. Sua considerável reputação mantém-se graças ao minúsculo conjunto de obras que ele produziu dos 16 aos 19 anos de idade.


Jean Nicholas Arthur Rimbaud nasceu no dia 20 de Outubro de 1854 na cidade de Charleville, na França. Estudante brilhante, logo se tornou indócil com o convencionalismo da mãe e das raízes burguesas provincianas, fugindo de casa diversas vezes. Numa dessas expedições, ele talvez tenha participado rapidamente da Comuna de Paris de 1871. Mais conhecido é o fato de ter se tornado amante de Paul Verlaine (1844-1896), poeta mais velho, com quem teve um caso violento e tempestuoso que terminou quando Verlaine o atingiu na mão com um tiro de pistola.


Ela foi encontrada!
Quem? A eternidade.
É o mar misturado
Ao sol.

Minha alma imortal,
Cumpre a tua jura
Seja o sol estival
Ou a noite pura.

Pois tu me liberas
Das humanas quimeras,
Dos anseios vãos!
Tu voas então...

— Jamais a esperança.
Sem movimento.
Ciência e paciência,
O suplício é lento.

Que venha a manhã,
Com brasas de satã,
O dever
É vosso ardor.

Ela foi encontrada!
Quem? A eternidade.
É o mar misturado
Ao sol.



A aparência surrada de Rimbaud, seu comportamento ultrajante e a iconoclastia costumavam escandalizar aqueles com quem entrava em contato durante as viagens pela Europa, mas, após o rompimento com Verlaine, ele foi mais além, primeiro até o Oriente Médio e depois para a Abissínia. A essa altura, já havia abandonado os esforços literários há muito tempo e procurava ganhar dinheiro como comerciante e vendedor de armas. Retornou à França apenas depois que ficou doente, com câncer, e faleceu aos 37 anos, em 10 de Novembro de 1891, em Marselha, seis meses depois de amputar uma das pernas.



Flores

De um pequeno degrau dourado -, entre os cordões
de seda, os cinzentos véus de gaze, os veludos verdes
e os discos de cristal que enegrecem como bronze
ao sol -, vejo a digital abrir-se sobre um tapete de filigranas
de prata, de olhos e de cabeleiras.

Peças de ouro amarelo espalhadas sobre a ágata, pilastras
de mogno sustentando uma cúpula de esmeraldas,
buquês de cetim branco e de finas varas de rubis
rodeiam a rosa d'água.

Como um deus de enormes olhos azuis e de formas
de neve, o mar e o céu atraem aos terraços de mármore
a multidão das rosas fortes e jovens.





Embora pouco conhecidos enquanto Rimbaud estava vivo, seus textos tiveram um grande impacto em sucessivas gerações de escritores e são considerados por muitos uma antecipação do surrealismo das décadas de 1920 e 1930. A poesia rejeita o modo clássico e é dissonante ao empregar disparatados níveis de linguagem, diferentes tons e registros, um tratamento subversivo dos temas clássicos e termos chulos. Em "Vénus Anadyomène" (de 1870), por exemplo, o fato da deusa do amor ser transformada em uma mulher gorda e feia ao deixar um banho de imundícies, permite ao leitor, como está escrito no poema, vislumbrar a úlcera em seu ânus.

sábado, 25 de junho de 2011

Quem sou eu?

O silêncio alarmante da
sinfonia protelada ouve...
Erudito ranger de portas,
a euforia bater os dentes
O cadafalso da ternura
no espelho os estilhaços
O crepúsculo da sanidade
desta noite aromatizada
O último vestígio moral
sem alibi se evapora
Hermético e escaldante
é o dia acaba de nascer
A brasa do ódio consome
e a fiel revolta me assola
Na face melancólica,tédio
galopante e duradouro
A fadiga do prazer gozado,
o fúnebre custo da vida
Um cigarro consola as 
culpas caladas na cruz
A dor, o remorso condena
e a ética cristã me flagela
Á sombra da piedade arma
o seu pitoresco purgatório
A mão do carrasco cumpre
lá o seu dever mercenário
A lúxuria estéril brinda
cálices ao altar da tirânia
Os vermes comungam a
breve e eterna miséria
O martirio que padece 
ao Monte das Oliveiras
A beleza voraz das larvas,
pérola corrompida do poder
A úrina leprosa da justiça
encardida pela rotulagem
O branco gélido e fosco, 
o artifício lançado ao fogo
O estopim cinza da mistura,
desta fumaça de decadência
Os princípios tragados pelo
primogênito que vegeta
O coágulo herege da graça,
o resto precosse do nada
No conforto hostil do berço,
o manto materno da malária
O futuro do presente brilha
na hospitalidade da escória
Alágrima que rola no rosto,
o triunfo do filho sem glória

Lázaro D.F.

A Insustentável Leveza do Ser

A Insustentável Leveza do Ser (em checo Nesnesitelná lehkost bytí) é um livro publicado em 1984 por Milan Kundera. O romance se passa na cidade de Praga em 1968. Foi adaptado para o cinema pelo diretor Philip Kaufman sob o nome de The Unbearable Lightness of Being.

Personagens


Tomas

Tomas é um homem jovem, bonito e atraente, do tipo que não encontra dificuldade para aventurar-se amorosamente. Sendo um médico reformado, possui um conforto financeiro que lhe permite dedicar seu tempo para a simples fruição da própria vida. É o que faz com Sabina, por exemplo, estabelecendo com ela uma relação amorosa absolutamente informal, ainda que dotada de uma certa segurança. Encontram-se ocasionalmente para fazer amor, continuando com suas rotinas cotidianas logo em seguida.
Tomas conduz sua vida dessa maneira até conhecer Teresa.
Quando Tomas conhece Teresa, não faz amor com ela no primeiro momento, mas acaba deixando seu endereço para ela, caso ela deseje procurá-lo posteriormente. O que ele não suspeita é que ela acaba fazendo-o, de fato. E o faz da maneira mais inesperada para um homem como Tomas: ao chegar em Praga, Teresa simplesmente deixa sua bagagem no armário da estação de trem e dirige-se para a casa de Tomas, depositando sua vida na possibilidade de encontrá-lo. Tomas, depois de deixá-la entrar pela primeira vez em sua vida, nunca mais consegue livrar-se do "bebe encontrado em um cesto à beira de um rio", como ele costuma referir-se metaforicamente a ela. Muito provavelmente Tomas não desejou fazê-lo. De qualquer maneira, a entrada de Teresa na vida de Tomas representou, de fato, o fim do estilo de vida livre que Tomas possuia até então.

[editar]Teresa

Teresa é uma jovem mulher educada em um ambiente bizarro e repulsivo. Sua mãe, uma mulher amorosamente frustrada, fazia questão de esfregar na cara de Teresa a naturalidade da miséria humana, através da nudez, da feiúra, de sua própria flatulência e sujeira. Teresa, dotada de um espírito sensível, acabou tornando-se uma dessas pessoas que exalta a vida do espírito e da alma, em detrimento da vida carnal, que nessa perspectiva assume ares sujos e repulsivos.
Trabalhando num bar cheio de bêbados e homens de mau caráter, Teresa surpreendeu-se ao ver Tomas em uma das mesas, com um livro aberto. O livro, naquele instante, os irmanava de uma maneira sublime, pois era um sinal de refinamento e espírito em meio ao lodo no qual ela vivia.
Depois de conhecê-lo, não tardou a procurá-lo em Praga, uma vez que sua própria vida não possuía nenhum sentido genuíno. Quando encontra Tomas, literal e metaforicamente deposita a responsabilidade por sua vida e por sua felicidade nas mãos de Tomas. Para tanto, lida mesmo com as infidelidades de Tomas de maneira quase estóica.

[editarSabina

Sabina é uma espécie de versão feminina de Tomas, com todas as singularidades que diferenciam um médico de uma artista.

















A Leveza e o Peso

A problemática da leveza e do peso possui amparo na filosofia de Parmênides.
Parmênides de Eléia (cerca de 530 a.C. - 460 a.C.), filósofo pré-socrático, situou sua problemática em torno das dualidades ontológicas do Ser. A dualidade, porém, por força de sua perspectiva unitária de Ser, surgem da presença e da ausência de uma entidade. Neste sentido, o frio é apenas a ausência de calor, o não-calor. As trevas são a ausência de luz, a não-luz. Para Parmênides, entretanto, ao contrário do que o pensamento lógico-formal com o qual estamos habituados nos faria supor, a problemática da dualidade leveza/peso revela o peso como ausência, como não-leveza.



Kundera desloca a dualidade do peso e da leveza para uma perspectiva existencial, mesclando-a ao problema da liberdade humana em uma perspectiva próxima à problemática do existencialismo. Para Kundera, a leveza decorre de uma vida levada sob o teto da liberdade descompromissada. A leveza segue-se de um não-engajamento, um não-comprometimento com situações quaisquer, aproximando-se, nesse sentido, das ideias de Jean-Paul Sartre sobre a condição humana. O personagem Tomas é a metáfora através da qual Kundera ilustra as consequências existenciais do comprometimento da liberdade para com uma situação qualquer - no caso, o vínculo afetivo com Teresa. A partir de então Tomas experimenta o peso do comprometimento, peso opressivo de um engajamento qualquer, uma situação qualquer.
A leveza, porém, despe a vida de seu sentido. O peso do comprometimento é uma âncora que finca a vida a uma razão de ser, qualquer, que se constrói - sob uma perspectiva existencialista, evidentemente.
Sob a perspectiva da filosofia nietzscheana, porém, Tomas levava uma vida autêntica, construindo os próprios valores sob os quais conduzia sua vida. Teresa ilustra a problemática da moralidade de escravos: incapaz de realizar um empreendimento como o de Tomas, amarra-o pela força de sua impotência, chegando ao final à admissão do fato de ter "destruído sua vida", no final do livro. Tomás, encarnando metaforicamente a noção nietzscheana de amor fati, revela que não se arrepende de nada, remetendo à doutrina do Eterno Retorno, mencionada no início do livro.

[editar]O Eterno Retorno

Kundera entrevê na noção de Eterno Retorno da filosofia nietzscheana a escapatória para o arrependimento que pode decorrer da escolha entre a leveza e o peso, o comprometimento e a liberdade pura.
Kundera explica a ideia de Eterno Retorno no início do livro, no primeiro capítulo da primeira parte. Em linhas gerais, a ideia diz respeito à possibilidade das situações existenciais repetirem-se indefinidamente no tempo, por força de uma finitude das possibilidades frente a infinitude do tempo. O que parece um fundamento cosmológico vazio ganha implicações éticas imensas na perspectiva de Kundera: uma vida que desaparece não tem o menor sentido. A própria história humana só é tratada com descaso pela própria humanidade por força de sua linearidade. Uma mentalidade educada sob a perspectiva de uma história cíclica, repetindo indefinidamente, dificilmente deixaria escoar no vazio a própria vida. O argumento do Eterno Retorno assume então uma face de "convite à vida", com suas alegrias e mazelas. De modo rasteiro, a ideia do Eterno Retorno convida o homem a fazer a vida valer a pena de ser vivida.

[editar]A compaixão

Um capítulo inteiro é dedicado à questão da atitude humana de compaixão. Sob uma perspectiva filológica, Kundera compara o sentido da expressão nas línguas latinas e nas línguas germânicas, e as implicações dessa nuance de sentido na vida psicológica e sentimental dos indivíduos.
Kundera afirma que as derivações latinas da palavra compaixão significam simplesmente piedade, um sentimento que se impõe quando um indivíduo está em posição de superioridade frente a um outro que sofre. Assim, a compaixão torna-se uma relação de poder dominadora, na qual um indivíduo se sobrepõe sobre outro, podendo oferecer-lhe sua compaixão como um presente, sem porém compartilhar do sentimento que leva o próximo a sofrer.
Nas línguas germânicas, porém, compaixão assume um sentido de "co-sentimento": o in´divíduo que sente compaixão sofre junto com o seu próximo, o mesmo sentimento. Para Kundera, a compaixão é muito mais terrível do que a piedade porque a incapacidade humana de transpor os limites da subjetividade faz com que o sentimento careça de um certo esforço imaginativo que quase sempre multiplica a dor do próximo, fazendo-a mesmo maior do que a do próximo.
A metáfora utilizada para ilustrar o problema da compaixão é, mais uma vez, Tomas em sua relação com Teresa. É através da compaixão que ele sente por ela que ela consegue prender-se a ele em definitivo desde o primeiro momento.
Para melhor compreensão do livro de Milan Kundera, é interessante abordar temas como a "Primavera de Praga". O livro aborda alguns relatos históricos, inserindo a narração num contexto real. Isto torna o livro ainda mais interessante, pois pode ser visto parte como realidade, parte como romance. No livro, o Amor se torna presente em quase todos os momentos, o que não quer dizer que consista em um "mar de rosas". Muito do que se aborda no livro são conflitos do amor-ideal e "amor-real". Detalhes do cotidiano da época e costumes do povo Tchecoeslovaco (na época, República Theca e Eslováquia eram unidas em um só país) são muito bem descritos. Uma forma de leitura onde o lado psicológico predomina sobre o momento real.

domingo, 12 de junho de 2011

O poema francês que consegue dizer saudade

Apenas um poema, fora da língua portuguesa, consegue exprimir saudade. Mesmo assim, como sabemos, não existe tradução em uma só palavra. Mas François Villon conpôs um dos versos mais profundos, e tristes, da história da poesia. Ele aparece no poema Ballade des Dames du temps jadis (Balada das Damas dos Tempos Já Idos). Leia abaixo

Où sont-ils, où, Vierge souvraine ?
Mais où sont les neiges d'antan ? 

Onde estão, Virgem açucena?
Mas onde estão, neves de outrora? 


Onde estão, as neves de outrora?
Nesta frase se exprime toda a saudade do passado, a inevitabilidade do tempo, a tristeza das coisas já findas, a impossibilidade do retorno.
A impossibilidade do retorno.
François Villon, pseudônimo de François de Montcorbier ou François des Loges (Paris, 1431 ou 1432 e desaparecido em 1463) foi um dos maiores poetas franceses da Idade Média. Ladrão, boêmio e ébrio, é considerado precursor dos poetas malditos do romantismo.

Nascido no período de ocupação inglesa na França e órfão de pai, é enviado para ser criado, por razões desconhecidas, por Guillaume de Villon, deSaint-Benoît-le-Bétourné, que se tornará mais que um pai para ele e o mandará estudar na Faculdade de Artes de Paris para que ele se tornasse umclérigo. Em 1452, torna-se mestre em artes, em uma época bastante conturbada onde um grande número de diplomados vivia na miséria. 

Logo começa a ter problemas com a polícia, no fundo causados pela decisão do rei Charles VII que resolve suspender os cursos da faculdade entre 1453 e 1454.

Em 1455, envolve-se numa briga e fere mortalmente o padre Philippe Sermoise. Acredita-se que por uma rivalidade amorosa. Ferido nos lábios, Villon é obrigado a fugir de Paris. Graças ao seu status de pertencer ao clero, a sua ficha limpa anterior e ao perdão que obtém de Sermoise em seu leito de morte, consegue autorização para retornar em 1456. Neste mesmo ano, na noite de Natal, participa de um roubo no colégio de Navarre com alguns conhecidos, furtando um cofre repleto de moedas de ouro.

Antes de fugir, Villon compõe Le Lais, como um presente de adeus a seus amigos, anunciando sua intenção de seguir para Angers, deixando claro que sua fuga teria sido causada por um desespero amoroso. Um de seus "amigos", Guy Tabarie, é preso e confessa a participação de Villon no caso do roubo, confirmando ainda a intenção deste em fazer um novo furto. Não há informações a seguir sobre seu paradeiro, mas certamente prosseguiu sua marcha pelo vale do Loire.

É visto novamente em Blois, estando aí provavelmente desde dezembro de 1457, na corte de Charles d´Orléans, príncipe-poeta e mais tarde pai de Louis XII. No manuscrito onde Charles registra seus poemas e de sua corte, encontram-se três poemas assinados por Villon (provavelmente escritos ali por ele próprio). O mais longo deles celebra o nascimento de Marie d'Orléans em 19 de dezembro de 1457, filha de Charles e Marie de Clèves. 
Encontra-se a seguir preso por razões obscuras durante o verão de 1461 na prisão de Meung-sur-Loire), onde provavelmente compôs o Épître à ses amis e o Débat du cuer et du corps de Villon. É libertado alguns meses mais tarde durante uma visita de Louis XII em companhia de Charles d´Orléans à cidade e neste meio tempo perde sua ligação com o clero. Compõe então a Ballade contre les ennemis de la France com o interesse de chamar a atenção do rei sobre este fato, assim como Requeste au prince, à Charles d´Orléans. Como os dois rejeitam seu pedido, decide voltar para Paris.

Aparentemente é nesse período de andanças por Paris que ele teria escrito sua obra-prima Le testament (com algumas baladas possivelmente anteriores).

É preso novamente em 2 de novembro de 1462 por um roubo insignificante e processado pelo caso anterior do roubo no colégio. Obtém a liberdade sob condição de reembolsar a sua parte no roubo, 120 libras, uma quantia considerável para a época. Este período de liberdade tem curta duração. No fim do mesmo mês, Villon se envolve em uma briga na qual um notário da igreja que participou do interrogatório de Guy Tabarie é ferido. Ao que parece, seu amigo Robin Dogis teria provocado os homens do clero, enquanto Villon tentava separar a briga. Villon é preso no dia seguinte. Desta vez, ele não pôde escapar da justiça: perde seu estatuto clerical, é torturado e condenado a forca.

Enquanto aguarda em sua cela a decisão do parlamento de Paris, diante do qual ele apresenta uma apelação da sentença, escreve o Quatrain e a Ballade des pendus (Balada dos enforcados), poemas que não tem um registro preciso, mas que costumam ser ligados a esse momento dominado pelo medo.

Mas Villon tem sorte: em 5 de janeiro de 1463 a pena é reduzida a 10 anos de banimento da cidade. Ele escreve então a balada jocosa Question au clerc du guichet e o grandiloquente poema Louange à la cour, seu último texto conhecido. A partir de então não existem mais traços deixados por ele, restando apenas sua lenda.

Leia abaixo a íntegra do Poema Balada das Damas dos Tempos Já Idos e sua tradução, feita por Rafael Coelho
Ballade des Dames du temps jadis
(François Villon, 1461)

Dites-moi où, n'en quel pays,
Est Flora la belle Romaine
Archipiades, ne Thaïs,
Qui fut sa cousine germaine,
Echo, parlant quant bruit on mène
Dessus rivière ou sur étang,
Qui beauté eut trop plus qu'humaine ?
Mais où sont les neiges d'antan ?

Où est la très sage Héloïs,
Pour qui fut châtré et puis moine
Pierre Esbaillart à Saint-Denis ?
Pour son amour eut cette essoine.
Semblablement, où est la roine
Qui commanda que Buridan
Fût jeté en un sac en Seine ?
Mais où sont les neiges d'antan ?

La roine Blanche comme un lis
Qui chantait à voix de sirène,
Berthe au grand pied, Bietrix, Aliz,
Haramburgis qui tint le Maine,
Et Jeanne, la bonne Lorraine
Qu'Anglais brûlèrent à Rouen ;
Où sont-ils, où, Vierge souvraine ?
Mais où sont les neiges d'antan ?

Prince, n'enquerrez de semaine
Où elles sont, ni de cet an,
Que ce refrain ne vous remaine :
Mais où sont les neiges d'antan ?

Balada das Damas dos Tempos Já Idos
(Tradução de Rafael Coelho)

Diz-me onde, em que país
Está Flora, a bela romana
A arquipíada, como Taís,
que foi a sua prima germana;
Eco, fala ruído que emana
Do rio que ora, da lagoa que ora,
Que beleza mais que humana?
Mas onde estão, neves de outrora?

Onde está tão sábia Heloise
Por quem foi vezes condenado
Pedro Alardo em São Denise?
Por seu amor foi sacrificado.
Onde está, também, a açucena
Que mandou Jean jogar-se fora
num saco lançado ao Sena?
Mas onde estão, neves de outrora?

Rainha branca como lis
com voz de sirene cantava;
Berta a Pé-Grande, Beatriz, Liz,
Hamburga, que em Maine mandava,
E a Joana, bondosa lorena,
Que inglês em Ruão a queimava?
Onde estão, Virgem açucena?
Mas onde estão, neves de outrora?

Dom, é a pergunta da semana
Onde estão elas, questão da hora,
Questão que se faz cotidiana:

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Sigur Rós

Foi considerado como um dos gigantes da música


(Sigur Rós é uma banda islandesa de post-rock, com elementos melódicos, clássicos e minimalistas. O nome, em islandês, significa "rosa da vitória", e pronuncia-se "si ur rous", ou ['sɪɣʏr rous] no Alfabeto Fonético Internacional. A banda é conhecida pelo seu som etéreo e pelo falsete do vocalista, Jónsi. Alguns de seus contempôrâneos são Múm e Amiina, ambas surgidas da mesma cena criativa e vibrante do post rock da Islândia.)

História
Jón Þór (Jónsi) Birgisson, Georg Hólm e Ágúst Ævar Gunnarsson formaram a banda em Reykjavík em agosto de 1994. O nome da banda é o nome da irmã de Jónsi, Sigurrós, que nasceu no mesmo dia em que a banda foi fundada. Logo ganharam um acordo para gravar em um selo local, o Bad Taste. Em 1997, lançaram o primeiro CD, Von (esperança), e em 1998, uma coletânea remixada, chamada de Von brigði. O nome é, na verdade, uma brincadeira com as palavras em islandês: Vonbrigði é traduzida por "decepção", enquanto Von brigði significa "alteração na esperança" (o álbum é também conhecido por um nome alternativo, Recycle Bin).


O baixista, Georg Hólm
O reconhecimento internacional veio com o Ágætis byrjun (Um Bom Começo), de 1999, no qual se juntou à banda Kjartan Sveinsson. A boa reputação do disco foi se espalhando pelo mundo nos dois anos seguintes. A crítica aclamou-o como um dos melhores álbuns de todos os tempos, comparando a banda com gigantes da música, como o Radiohead. Três músicas, Ágætis Byrjun, a música-título, o primeiro single, Svefn-g-englar e a então inédita Njósnavélinsem (que se tornaria sem título n°4) foram trilha do filme Vanilla Sky, de Cameron Crowe. Suas músicas também apareceram na série 24 Horas e no filme The Life Aquatic with Steve Zissou, e ainda em um filme da BBC, The Girl in the Café, onde se ouve Starálfur.
Após o lançamento de Ágætis byrjun, a banda ficou mais conhecida pela maneira singular com que Birgisson toca sua guitarra: com um arco de violoncelo, acentuado por um reverb, criando um efeito flutuante, único.
O baterista Ágúst deixou a banda após a gravação de Ágætis byrjun, e foi substituído por Orri Páll Dýrason. Em 2002, o antecipado álbum ( ) foi lançado. Nenhuma das músicas tinha título, embora a banda batizasse-as depois, em seu website. Todas as canções do álbum foram escritas em vonlenska (algo como esperancês), uma língua inventada por Jónsi, foneticamente parecida com o islandês. Supôs-se que o ouvinte é quem deveria criar um significado particular das letras, e escrevê-lo nas páginas em branco do encarte do disco.


Em outubro de 2003, Sigur Rós se juntou ao Radiohead para compor a trilha da espetáculo Split Sides, de Merce Cunningham. As três músicas do Sigur Rós foram reunidas no EP chamado Ba Ba Ti Ki Di Do, e lançadas em março de 2004. O disco de estréia da banda, Von (1997), foi finalmente lançado nos EUA e no Reino Unido, em outubro de 2004.
O último álbum, Takk..., é lançado em 13 de setembro de 2005, e apresenta canções com um estilo intermediário entre o primeiro e segundo discos. A banda dispôs, em seu site, o download de Glósóli, no dia 15 de agosto. Hoppípolla, o segundo single oficial, foi lançado em 28 de novembro, junto com um remake de Hafsól, canção do Von. Hoppípolla foi amplamente usada pela BBC, tanto em alguns de seus programas (propaganda da série Planet Earth: Planeta Terra), quanto na cobertura dos jogos da seleção inglesa de futebol, durante a Copa do Mundo de 2006. Também apareceu no trailer do filme Children of Men. Conseqüentemente, a demanda pelo single cresceu, e a EMI fez aumentar a produção.
Um novo EP, Sæglópur, foi lançado em 10 de julho de 2006, em alguns países, e em 8 de agosto nos Estados Unidos. A previsão de lançamento do EP era 8 de maio, mas com o repentino sucesso de Hoppípolla, foi adiado. O compacto contava com três novas canções: Refur, Ó Fridur e Kafan.
Em julho de 2006, Sigur Rós terminou uma turnê mundial que passou pela Europa, EUA, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Hong Kong e Japão, e seguiu fazendo shows pela Islândia em julho, gravando-os para um futuro DVD.
Em 2008, a banda lançou Með Suð Í Eyrum Við Spilum Endalaust. Foi o 5º álbum de estúdio, e o primeiro a trazer uma letra em inglês, “All Alright”. O trabalho não é tão obscuro e ambiente quanto os anteriores, dando lugar a melodias mais alegres e determinadas influências do folk. Foi o terceiro disco a contar com a participação do quarteto Amiina nas cordas.

Membros da banda

[editar] Actualmente

Ex-integrantes

Discografia

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/e/ef/Crystal_Clear_app_xmag.png/17px-Crystal_Clear_app_xmag.pngVer artigo principal: Discografia de Sigur Rós

Vonlenska

Vonlenska é um termo usado para definir a língua ininteligível usada pela banda. Em Inglês, Vonlenska é chamado Hopelendic). Diferente de outras línguas construídas, que podem ser usadas para comunicação, Vonlenska serve somente para dar ritmo e melodia às músicas, sem uma gramática específica.

Letras em Vonlenska

Do Álbum Von:
  • "Von"
Do Álbum Ágætis byrjun:
  • "Olsen Olsen"
  • "Ágætis byrjun" (final)
Do Álbum ( ):
  • Todas as músicas com vocais são em Vonlenska
Do ÁlbumTakk...:
  • "Hoppípolla" (Seguindo a linha "En ég stend alltaf upp")
  • "Sé lest"
  • "Sæglópur"
  • "Mílanó"
  • "Gong"
  • "Andvari"
Do Álbum Hvarf:
  • "Salka"
  • "Hljómalind"
  • "Í Gær"
  • "Von"
  • "Hafsól" (Da metade até o final)
Do Álbum Heim:
  • "Vaka"
  • "Ágætis byrjun"
  • "Von"
Do Álbum Með suð í eyrum við spilum endalaust:
  • "Festival"
  • "Ára bátur"
  • "Fljótavik" (final)
  • "All Alright" (final)
Outros:
  • "Fönklagið"
  • "Gítardjamm"
  • "Nýja lagið"
  • "Heima" [DVD Version]

Trilhas sonoras

Outros trabalhos

  • Hrafnagaldur Óðins (2002) - Coletânea de músicas compostas em torno do poema islandês Hrafnagaldr Óðins por Hilmar Örn Hilmarsson, Steindór Andersen e Sigur Rós.

Videografia

 Videoclipes

  • Svefn-G-Englar (junho de 2000)
  • Viðrar Vel Til Loftárása (setembro de 2001)
  • sem título n°1 (também conhecido como Vaka) (fevereiro de 2003)
  • Glósóli (setembro de 2005)
  • Hoppípolla (novembro de 2005)
  • Saeglopur (julho de 2006)
  • Gobbledigook
    • Vídeos disponíveis para download no site oficial

DVD / Vídeo

Ligações externas









Heima (Tradução)

Um milenio em palavras
Mil palavras, que me enterram à morte
Sem entranhas, continuamos nos ferindo
Eu preciso sair

Um milenio em palavras
Mil palavras, que me contam toda a historia
Ninguem vê, atraves de palavras vazias
Há sempre alguma coisa

A ultima lagrima cai
Eu a seco
Os ultimos anos de uma vida

Os ultimos anos vividos
O ultimo rio segue seu curso
As feridas - sim, elas se curam

Mil palavras na morte
Um milenio, lagrimas correm em nossas bochechas
Feridas, que juntos curamos
A então nos movemos

A ultima lagrima cai
Eu a seco
Os ultimos anos de uma vida

As ultimas palhas sao puxadas
O ultimo rio segue seu curso
As feridas - sim, elas se curam

As feridas, elas se curam
A ultima lagrima cai
As feridas - sim, elas se curam
Sim, elas se curam
Sim, elas se curam
Agora estou finalmente em casa

Vaka (Tradução)

você suspira baixo esta noite
está tão só...
voce está tão...
você suspira baixo esta noite
está tão só...
voce está tão...
voce está tão fraco
está tão só
você suspira baixo
você suspira baixo
está tão
está tão...
você suspira baixo esta noite
está tão só...
voce está tão...
voce suspira um pouco e luta
você está tão perdido...
está tão...
você luta tão fraco
está tão só
voce suspira pouco...
seus suspiros são fracos
você está tão...