sábado, 25 de junho de 2011

Quem sou eu?

O silêncio alarmante da
sinfonia protelada ouve...
Erudito ranger de portas,
a euforia bater os dentes
O cadafalso da ternura
no espelho os estilhaços
O crepúsculo da sanidade
desta noite aromatizada
O último vestígio moral
sem alibi se evapora
Hermético e escaldante
é o dia acaba de nascer
A brasa do ódio consome
e a fiel revolta me assola
Na face melancólica,tédio
galopante e duradouro
A fadiga do prazer gozado,
o fúnebre custo da vida
Um cigarro consola as 
culpas caladas na cruz
A dor, o remorso condena
e a ética cristã me flagela
Á sombra da piedade arma
o seu pitoresco purgatório
A mão do carrasco cumpre
lá o seu dever mercenário
A lúxuria estéril brinda
cálices ao altar da tirânia
Os vermes comungam a
breve e eterna miséria
O martirio que padece 
ao Monte das Oliveiras
A beleza voraz das larvas,
pérola corrompida do poder
A úrina leprosa da justiça
encardida pela rotulagem
O branco gélido e fosco, 
o artifício lançado ao fogo
O estopim cinza da mistura,
desta fumaça de decadência
Os princípios tragados pelo
primogênito que vegeta
O coágulo herege da graça,
o resto precosse do nada
No conforto hostil do berço,
o manto materno da malária
O futuro do presente brilha
na hospitalidade da escória
Alágrima que rola no rosto,
o triunfo do filho sem glória

Lázaro D.F.

Um comentário:

  1. É muito nóis, este poema Don Lazaro. muito bom, não tenho nem como dizer algo, não adianta tentar de novo: é impossível fracassar melhor!

    Parabéns, um belo fracasso.

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